por homens melhores

Uso de álcool por adolescentes traz danos graves

09-11-2010 18:15

 

Pesquisa feita nos EUA alerta para a relação das bebidas com problemas comportamentais

 

Para os adolescentes, não passa de uma simples diversão. Mas a combinação álcool e juventude traz consequências mais drásticas do que uma dor de cabeça no dia seguinte.

Três estudos internacionais divulgados ontem por periódicos científicos mostram que a ingestão exagerada de bebidas por indivíduos em formação — na faixa dos 12 aos 17 anos — provoca danos graves ao cérebro, além de acarretar problemas sociais. A boa notícia é que, de acordo com uma das pesquisas, dos 18 aos 25 anos, a tendência de beber compulsivamente diminui. Até chegar lá, porém, o jovem já pode ter suas funções cerebrais afetadas.

Divulgado pela revista da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, a Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), o estudo pesquisou em macacos adolescentes os efeitos de um comportamento chamado “beber em binge”, que significa consumir, de uma só vez, grandes doses de álcool. É o que fazem as pessoas que, mesmo não consideradas alcoólatras, quando saem para beber: ingerem uma quantidade exagerada de bebida.

A equipe de pesquisadores, liderados por Chitra Mandyam, professora assistente do centro de estudos The Scripps Research Institute, constatou que a ingestão abusiva de bebidas alcoólicas provoca diminuição da produção de células neurais e aumenta a degeneração do hipocampo. Essa área do cérebro está relacionada ao armazenamento da memória de longo prazo.

Sóbrios e bêbados
Os cientistas fizeram os testes com sete macacos rhesus adolescentes, com idades entre 4 e 5 anos, e peso médio de 7,7kg. Durante 11 meses, quatro deles receberam uma dose diária de etanol misturado a um suco artificial de laranja. Os outros três foram mantidos sóbrios, como grupo de controle. Os testes sanguíneos mostraram que os primatas estavam intoxicados por álcool, mesma coisa que acontece com os humanos que bebem em binge.

Dois meses depois de interromperem a oferta diária de etanol, os pesquisadores examinaram os cérebros dos macacos e compararam com os daqueles que não haviam recebido a bebida. O resultado foi que a produção das células-tronco neurais havia decaído e, o mais importante: mesmo 60 dias depois de abstinência, a degeneração do hipocampo continuava, o que sugere que o alcoolismo e o hábito de beber em binge têm efeitos destrutivos de longa duração no cérebro de adolescentes.

—  A adolescêndia tem sido associada a uma falta de maturidade e ao aumento da curiosidade em se experimentar coisas novas. Essas observações comportamentais ocorrem paralelamente a uma transição, em muitos aspectos, do desenvolvimento do corpo e do cérebro. É preocupante que o consumo de álcool em binge esteja crescendo entre adolescentes, com um percentual significativo (60%) de indivíduos vulneráveis ao desenvolvimento de distúrbios relacionados ao álcool — justificam, no estudo, os pesquisadores.

Comportamento de risco

Se o estudo de Chitra Mandyam comprovou os efeitos maléficos do álcool no cérebro dos jovens (e adultos), outra pesquisa, cujos resultados preliminares foram divulgados esta semana, pelo periódico Alcoholism: Clinical & Experimental Research, teve como foco o comportamento perigoso dos jovens que abusam da bebida.

Segundo o estudo, realizado com 1.253 calouros de faculdades (645 mulheres e 608 homens), à medida que o tempo passa os universitários arriscam-se mais ao volante quando estão bêbados. O ápice da irresponsabilidade ocorre por volta dos 21 anos.

Três comportamentos de risco foram identificados: pegar carona com um motorista alcoolizado, dirigir depois de beber e conduzir mesmo intoxicado pela bebida (ou dirigir embriagado). Os resultados mostraram que, entre os universitários, essas atitudes são comuns.

— No início do estudo, quase metade dos estudantes dirigiram depois de beber e um em cinco conduziram enquanto estavam intoxicados. Já aos 20 anos de idade, 80% haviam dirigido depois de beber e 20% dirigiram mesmo intoxicados. Entre os homens, o comportamento foi mais comum que entre as mulheres — conta Amelia M. Arria.
De acordo com ela, ao atingir os 21 anos, idade em que é permitido beber nos Estados Unidos, as atitudes arriscadas chegaram ao ápice.

 

CORREIO BRAZILIENSE
 

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Jovens entre 18 e 24 anos bebem mais

 

 
Comunicação Portal Social

 

Os jovens entre 18 e 24 anos são os que mais consomem álcool no país. Segundo a secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, 9% dessa população bebem mais de cinco doses de álcool em menos de duas horas. Conforme Paulina, 52% dos jovens que consomem álcool com frequência apresentam problemas de saúde, psicológicos e familiares.

Os dados foram apresentados pela secretária em audiência pública na Comissão Especial sobre Bebidas Alcoólicas da Câmara dos Deputados, ontem.


Fonte: Zero Hora