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Em Florianópolis, casa de traficante virou salvação

26-03-2011 13:19

 

Em Florianópolis, casa de traficante virou salvação

O que na década de 80 foi reduto de criminoso hoje é esperança de vida para dependentes químicos

 
Diogo Vargas  |  diogo.vargas@an.com.br

Os muros altos para esconder o casarão, piscina, campo de futebol, área verde, em região afastada do Centro, no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis, guardavam a história de um lendário traficante brasileiro que se refugiou em Santa Catarina nos anos 80: Paulinho da Matriz, do Comando Vermelho (CV) carioca, encontrou na capital catarinense o recanto ideal para fugir da polícia e expandir os negócios ilícitos. 

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Naquele tempo, Paulinho da Matriz figurava na lista dos bandidos mais perigosos do País, ao lado de José Carlos Reis Encina, o “Escadinha”, Dênis da Rocinha e Meio-quilo. Era a partir deles que o tráfico firmava suas ações no Rio de Janeiro e dominava as favelas. Dizem moradores do Leste da Ilha, onde fica a casa, que Matriz mandou fazer até uma pequena pista de pouso no mato em frente para receber aviões com drogas. 

Outro boato é de que mantinha uma onça no pátio. O traficante foi preso pela Polícia Federal em 1986. Armas e bebidas foram encontradas na casa. Anos depois, solto, morreu em confronto com a polícia no Rio. “Era um líder de favela no Rio que veio se esconder aqui. Tinha poder econômico e comprou muitos terrenos na cidade”, lembra o delegado licenciado da PF, Ildo Rosa. 

Vazio, o casarão foi ocupado por voluntários do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa) e passou a receber portadores do HIV, a maioria infectada pelo uso compartilhado de seringas. Há 15 anos, a casa do traficante virou salvação para dependentes químicos e hoje abriga o Lar Recanto da Esperança. Já a área em frente, de 53 mil metros quadrados, continua sem uso. 

Acácio Mello Filho, 43 anos, diretor administrativo, é um dos que se engajaram desde a ocupação do lugar na tentativa de devolver o valor da vida aos usuários de drogas. O lar regularizou-se, mantém 44 pacientes, 90% deles são prisioneiros do crack. O Figueirense Futebol Clube contribui com a entidade. 

Corrimão, Placa, Begor e Caixote, personagens cujas vidas foram devastadas pelo crack, são alguns dos internos dispostos a largar o vício. “Eles estão aqui porque querem. As portas ficam abertas para quem quiser sair. Ninguém veio forçado, mas porque chegou ao fundo do poço”, diz o diretor. Na casa, os pacientes se ocupam na horta, atividades rurais e esportivas, cozinha e oração. Recebem acompanhamento médico e odontológico. 

O diretor Acácio está assustado com o crack e a violência que envolve os usuários. Soube de casos em que fumam com restos de catalisadores de veículos (tubo de escapamentos). Os pacientes, conta, chegam alterados, e as doenças mais comuns são hepatite e do pulmão. Carlos Roberto da Rosa, 37 anos, foi paciente e hoje atua como supervisor. Tornou-se exemplo de superação aos que chegam. “Continuo na luta e atribuo minha recuperação a Deus e ao trabalho que é feito aqui”, frisa.

REPORTAGEM PUBLICADA PELO JORNAL A NOTÍCIA EM JUNHO DE 2008
Daniel Conzi / 

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