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por homens melhores
Viciado em crack pede para ser preso
Comunicação Portal Social
Para um rapaz de 22 anos, ser encarcerado em uma cadeia seria a única forma de impedir que ele continuasse a usar crack. Desesperado, ele destruiu os vidros de uma agência bancário no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul (RS), na noite de sexta-feira.
Mais do que chamar a atenção para o problema do qual não consegue se livrar, ele acreditava que seria preso. Assim, ficaria afastado das ruas e do vício. O pedido de socorro não deu certo. O máximo que o metalúrgico conseguiu, além de causar danos, foi ficar detido por algumas horas no plantão da Polícia Civil. Ele prestou depoimento e voltou para casa, em um bairro da Zona Leste. Sem acompanhamento, ele teme se afundar ainda mais nas drogas.
O histórico do jovem com o crack é dramático. Viciado há cinco anos, passou pelo menos 10 vezes por tratamento em clínicas. Tem apenas um registro por furto simples em 2006, cometido contra a própria família. Apesar disso, havia dois meses que o rapaz não fumava as pedras feitas com restos de cocaína e produtos químicos. A abstinência só foi possível porque ele ficou 58 dias internado em uma comunidade terapêutica. Para isso, afastou-se do trabalho em uma metalúrgica.
Após deixar o tratamento, tentou se manter ocupado em casa, na companhia da mãe, dos irmãos e da namorada. Tudo estava indo bem. Na quinta-feira, o jovem esteve na empresa para acertar a volta ao trabalho. Horas antes, uma vizinha lhe pagou R$ 150 de uma dívida.
“Comprei algumas coisas. Quando estava chegando em casa fiquei com vontade de tomar cerveja. Parei em um posto e bebi. Quando bebo perco o controle”, conta.
Na mesma tarde, o metalúrgico gastou o restante do dinheiro com crack em pontos de tráfico no bairro onde mora. Fumou tudo e queria mais. Para isso, vendeu as melhores roupas, um par de tênis e um relógio adquiridos há poucas semanas O rapaz só parou de se drogar à noite, quando voltou para casa. Acordou no início da tarde de sexta para buscar mais pedras.
“Eu estava muito alucinado. Então saí andando por aí para ver se passava a loucura”.
O metalúrgico caminhou 10 quilômetros até chegar em São Pelegrino, à noite. Pensou em ir ao bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, onde sabia que encontraria crack. Mas desistiu e se sentou na calçada, em frente ao Banrisul, para fumar um cigarro. Ali teve a ideia de cometer algum delito para ser preso.
Pouco antes da meia-noite de sexta-feira, ele jogou tijolos contra os vidros e ficou esperando a chegada de brigadianos, o que não aconteceu. O rapaz, então, pegou outros tijolos e arremessou contra o restante das vidraças. Minutos depois, uma viatura com PMs surgiu na avenida. Antes que os policiais militares descessem da viatura, o metalúrgico levantou as mãos e se colocou contra a parede da agência.
“Falei que queria ser preso porque não me aguentava mais, queria que alguém me impedisse. Eles (PMs) tiraram sarro de mim e me levaram pra delegacia. Fiquei algum tempo algemado em uma sala com outros dois caras e fui liberado. Daí voltei pra casa”, conta.
Desde sexta-feira, o rapaz não usou mais crack. Hoje, ele voltará a trabalhar. Mas teme ser demitido.
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